segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Bióloga da USP denuncia tráfico de animais destinados à produção de remédios

Da EFE
Madri, 1 nov (EFE).- A maioria dos animais e plantas tiradosilegalmente do Brasil termina nas mãos da indústria farmacêutica, queelabora produtos com as toxinas geradas por eles, segundo UrsulaCastro de Oliveira, bióloga do Instituto de Ciências Biomédicas daUniversidade de São Paulo (USP).

Ursula estuda há oito anos o tráfico de animais e plantas e, segundoexplicou à Agência Efe, por trás desse negócio se escondem empresas deremédios, pesquisadores "sem escrúpulos" e até "congregaçõesreligiosas".

Aranhas, rãs, sapos e serpentes são escondidos em bagagens falsas oulevados nos corpos dos traficantes, segundo a bióloga.

O veneno de algumas serpentes é usado para tratar a hipertensão, e rãs da Amazônia têm propriedades anestésicas patenteadas por uma multinacional.

Empresas dos Estados Unidos e do Japão possuem direitos sobre certassubstâncias secretadas por sapos e que são utilizadas durante séculospor comunidades indígenas.

Os EUA também detêm a patente de plantas como o rupununine, um derivado da noz de uma árvore que cresce no Brasil e que é usada tradicionalmente por indígenas como remédio natural para doenças cardíacas e neurológicas.

Ursula também destacou o caso do cupuaçu, cujos direitos de exploração pertencem a uma empresa japonesa.

De 5% a 15% dos cerca de US$ 20 bilhões gerados anualmente pelo tráfico de animais e plantas passam pelo Brasil, segundo dados do Governo federal correspondentes a 2006.

Esse contrabando começou na época da colonização, se agravou na décadade 60 e atualmente é um "autêntico abuso", segundo a bióloga da USP.

O tráfico de animais é crime, e a pena varia até 1 ano de prisão, mas Ursula diz que "a fiscalização é falha".

A bióloga trabalha na ONG Iandé, dedicada a denunciar essa situação com a ajuda de outras organizações e universidades, mas se trata de algo "muito difícil" de localizar, pois só se pode investigar quando empresas estrangeiras lançam um novo remédio elaborado com substâncias que provêm de animais brasileiros.

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