domingo, 6 de abril de 2008

Como se deve avaliar a deficiência de vitamina B12?

Via Nutritotal

A deficiência de vitamina B12 (cobalamina ou cianocobalamina) pode ocorrer devido a baixa ingestão dessa vitamina ou devido absorção deficiente. A vitamina está presente em alimentos de origem animal (como carnes, leite e ovos). Portanto, vegetarianos estritos (veganos, que não ingerem nem leite ou laticínios, nem ovos, nem carne) não obtêm B12 da dieta.
A deficiência de B12 ocasiona prejuízo na divisão celular, especialmente nas células de rápida divisão, como as da medula óssea e da mucosa intestinal, interrompendo a síntese de DNA (ácido desoxirribonucléico), dentre outros. A diminuição da taxa mitótica resulta em células anormalmente grandes, levando a uma anemia característica, a anemia megaloblástica. As manifestações clínicas são alterações neurológicas, hematológicas, epidérmicas, fraqueza, e outras. Por isso, o diagnóstico precoce da deficiência de vitamina B12 é fundamental para evitar danos patológicos irreversíveis. Entretanto, a deficiência de ácido fólico também resulta na anemia megaloblástica, dificultando o diagnóstico de qual deficiência vitamínica seria a responsável por essa anemia.

Uma das maneiras mais comuns de examinar a deficiência de vitamina B12, além da avaliação de sintomas, é a medida da concentração dessa vitamina no plasma ou no soro, refletindo os níveis de ingestão e estoque. A deficiência fica evidente quando os níveis estão abaixo de 200 pg/ml ou 148 pmol/l para adultos, mas podem variar de acordo com a metodologia de análise utilizada nos laboratórios. Porém, esse não é um teste seguro, pois sofre influência direta das concentrações de proteínas que estão ligadas à vitamina B12, não fornecendo a concentração real da vitamina disponível para a célula. Por isso, os níveis de B12 podem ser normais mesmo em pacientes com deficiência desta vitamina.

Outros métodos que facilitam a identificação da deficiência da B12 são as dosagens de ácido metilmalônico (MMA) e homocisteína. O ácido metilmalônico apresenta sua concentração aumentada (0,4 micromol/l no soro) na presença da deficiência de vitamina B12. A dosagem é feita na urina, soro ou plasma. É necessário atentar para algumas situações clínicas que também favorecem a elevação do MMA, como é o caso de pacientes com insuficiência renal, gestantes, doenças da tireóide e o aumento intestinal de bactérias produtoras de ácido propiônico (precursor do MMA). Apesar de exigir equipamento específico para sua análise, tornando sua aplicação na prática clínica de alto custo, esse exame tem a vantagem de ser um diferencial para a detecção da deficiência da vitamina B12, já que a deficiência de folato não altera essa dosagem.
A concentração sérica total de homocisteína está elevada tanto na deficiência de vitamina B12 quanto na de folato. Também é um método de alto custo. A insuficiência renal, a deficiência de cistationina sintase e os erros inatos do metabolismo também aumentam sua dosagem. Por isso, esse método tem baixa especificidade.

Portanto, não há um método padrão-ouro para detectar a deficiência de vitamina B12. É necessária cautela na aplicação das diferentes dosagens e uma associação entre elas.

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