domingo, 30 de novembro de 2008

A moda do vegetarianismo – e seus riscos

Da Época
Entenda quais são os perigos e como é possível manter uma vida saudável com uma dieta exclusivamente vegetariana
José Antonio Lima

Quando deu uma entrevista à ONG Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta), em abril, o ex-Beatle Paul McCartney causou furor. Segundo ele, uma das principais medidas que uma pessoa pode tomar para ajudar a combater o aquecimento global, e por tabela o sofrimento dos animais, alvo do Peta, é se tornar vegetariano. Para McCartney, as quantidades de água e terra usadas na produção de carne tornam a pecuária uma das maiores culpadas pelas mudanças climáticas. Como o músico, muitas outras celebridades, como os atores Richard Gere e Brad Pitt, por exemplo, têm adotado o vegetarianismo, um tipo de mudança de hábito que vem crescendo, como comprova o número cada vez maior de produtos vegetarianos que aparecem nos supermercados e de restaurantes naturais – alguns de chefs renomados – que são montados nas cidades brasileiras.

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FAMOSOS
Vegetarianos convictos, o ator de Hollywood Richard Gere (à esq.) e o ex-Beatle Paul McCartney fazem lobby por esse tipo de comportamento para salvar o planeta

Para deixar de lado a carne vermelha, considerada a maior vilã tanto em termos de danos ao ambiente quanto de saúde, e outras carnes, no entanto, é preciso ter cuidado para não desequilibrar a alimentação. "O importante é saber que tanto quem come carne quanto os vegetarianos podem ter problemas de saúde por conta de deficiências na alimentação", diz o endocrinologista e nutrólogo João César Castro Soares, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, o aumento do número de produtos e restaurantes naturais reflete uma quantidade crescente de pessoas que optam por uma dieta vegetariana, ou parcialmente vegetariana. "As pessoas evocam filosofia de vida, questões culturais e religiosas e medo de doenças cardiovasculares para reduzir o consumo de carne", diz.

Quem não liga para o destino do gado ou para o aquecimento global tem nas doenças cardiovasculares um motivo para diminuir a ingestão de carne vermelha. Responsáveis pela morte de 32% dos homens e 27% das mulheres, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde em outubro, as doenças cardiovasculares têm entre suas causas o acúmulo de acido úrico e colesterol, gerados pelo consumo em grande quantidade de proteínas animais, presente nas carnes. "O recomendado é ingerir carnes vermelhas duas ou três vezes por semana, intercalando com carnes brancas”, diz Soares.

Como abandonar a carne vermelha

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SEM CARNES
É preciso ter atenção para manter uma dieta completamente vegetariana

Reduzir a ingestão de carne vermelha não é uma tarefa fácil num país onde o consumo de carne bovina passa de 37 quilos por pessoa por ano. A saída mais simples é aumentar o consumo de carnes como as de frango e peixe. Mas quem faz isso não é considerado um vegetariano. Para tanto, é necessário cessar completamente a ingestão de todo o tipo de carne. Assim, a forma mais segura de rumar ao vegetarianismo é optar por uma dieta ovolactovegetariana, que inclui, além dos vegetais, pratos à base de derivados de leite e ovos. “Assim a pessoa não ficará sem as proteínas animais presentes nas carnes”, diz Soares.

A opção mais radical de vegetarianismo é o veganismo, uma filosofia que vem crescendo em todo o mundo e que proíbe seus seguidores de comer e usar qualquer produto de origem animal. O endocrinologista da Unifesp lembra que muitas pessoas que adotam esse tipo de comportamento, também conhecido como vegetarianismo restrito, substituem as carnes pela carne de soja, o que pode trazer carências nutricionais.

"A soja é o alimento que mais se aproxima da carne pela quantidade de aminoácidos que possui, mas ela não substitui totalmente a carne por falta de proteínas animais", explica. Segundo Soares, nesses casos é preciso recorrer a suplementos alimentares, como o de vitamina B12, presente apenas em produtos de origem animal. "A falta dessas proteínas e vitaminas pode causar problemas como anemia, queda de cabelo e fraqueza muscular".

Alerta: o vegetarianismo restrito não é para crianças

De acordo com Soares, a opção pelo vegetarianismo tem atraído principalmente os jovens, e muitos deles tentam transmitir esses valores para seus filhos, o que pode ser perigoso caso a opção da dieta seja muito radical. "O vegetarianismo restrito é totalmente contra-indicado para crianças e adolescentes com menos de 18 anos", diz. Ele explica que a falta de proteínas animais pode prejudicar muito o crescimento e o desenvolvimento da criança e trazer problemas como alterações funcionais nos órgãos.

Quando os ideais da família são intransponíveis e os pais desejam criar seus filhos com valores vegetarianos restritos, a solução é se preparar para cuidar diariamente de todos os detalhes da alimentação diária das crianças. "Nesses casos é preciso procurar conselho médico para evitar prejuízos para a vida da criança".

2 comentários:

Maurício Kanno disse...

ao publicar esta reportagem "alarmante" da Época, acredito que vcs tb deveriam publicar conjuntamente a resposta da Agência de Notícias de Direitos Animais: http://anda.jor.br/

Clarissa Taguchi disse...

dica aceita e vamos lá!