terça-feira, 23 de outubro de 2007

Ministério Público manda recolher leite em Uberaba (MG)

da Folha Online
O promotor de Justiça João Davina, de Uberaba (MG), determinou nesta terça-feira o recolhimento de leite longa vida integral nos supermercados da cidade. O produto deve ser ser retirado das prateleiras e mantido nos estoques dos estabelecimentos. Parte do leite deverá ser encaminhado para análise, de acordo com o lote.

A retirada de leite das prateleiras foi determinada preventivamente. As marcas recolhidas seriam clientes das cooperativas Coopervale (Cooperativa Agropecuária do Vale do Rio Grande Ltda.) e Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), acusadas de adulterar leite.

O Ministério Público ainda não informou os lotes nem as marcas --confirmou apenas que produtos Parmalat e da Calu estão entre os recolhidos. O leite deve passar por análise no Ministério da Agricultura, que determinará se os produtos podem ou não ser comercializados.

Ontem, 29 pessoas acusadas de envolvimento com o esquema foram presas, segundo a Polícia Federal, na operação Ouro Branco.

No caso da Coopervale, a Justiça já nomeou um interventor para assumir a administração até que os diretores --que tiveram prisão temporária decretada-- sejam libertados. A prisão vale por cinco dias, renováveis por mais cinco.

Outro lado
Em nota, a Parmalat disse que comprava apenas leite cru dos envolvidos e que "não adquire produtos processados, envasados ou embalados nas fábricas da Casmil e da Coopervale, citadas na operação Ouro Branco."

A Calu, também em nota, declarou "que não tem nenhum vínculo comercial (envase, compra ou venda de leite) com as cooperativas envolvidas na suposta denúncia de adulteração de leite em Minas Gerais."

Fraude
De acordo com as investigações da PF, Coopervale e Casmil "batizavam" o leite para aumentar seu volume e adicionavam produtos químicos para que ele durasse mais tempo e disfarçasse a validade vencida. A fraude foi descoberta após denúncias de outras cooperativas e de ex-funcionários das empresas. O esquema, segundo a PF, foi criado por um químico que teria vendido a fórmula para vários laticínios da região.

Parte da adulteração era executada com substâncias não permitidas pela lei e, segundo a PF, o leite adulterado foi considerado impróprio para consumo humano em um laudo realizado por um laboratório do Ministério da Agricultura.

A Casmil é acusada de adicionar peróxido de hidrogênio (água oxigenada) ao leite, substância que disfarça más condições sanitárias de conservação e transporte, enganando os compradores. "A princípio, as empresas compradoras são vitimas", diz o procurador Carlos Henrique Dumont Silva.

O peróxido de hidrogênio pode causar a redução do seu valor nutricional. Quem a ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração, segundo o laudo obtido pela Procuradoria mineira. O laboratório não conseguiu detectar a concentração da substância no leite analisado.

O laudo confirmou também a adição de soro ao leite acima do índice máximo. Nesse caso, ele só poderia ser destinado à alimentação de animais. No caso da Coopervale, o leite também foi considerado impróprio para consumo humano. As cooperativas, segundo a procuradoria, usavam até soda cáustica. A intenção era "recuperar" o leite que chegava estragado dos produtores rurais.

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