quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Empresa gaúcha substitui petróleo dos calçados por plásticos de fontes vegetais

EXCLUSIVO
Mônica Pinto / AmbienteBrasil

Muitos leitores seguramente hão de se espantar com a informação de que o petróleo é matéria-prima, quem diria, também para a indústria calçadista. Está presente nos contrafortes, o reforço interno dos sapatos na altura do calcanhar, e nas couraças, utilizadas com a mesma função sobre o peito do pé.

Recentemente, a indústria gaúcha Formax, instalada na cidade de São Leopoldo, lançou uma alternativa ecologicamente superior para suprir essa necessidade: poliuretanos termoplásticos - TPU - desenvolvidos com base orgânica.

A nova linha de contrafortes e couraças, batizada de Thermogreen, é produzida a partir de polímeros feitos de fontes renováveis, como soja, milho, mamona e girassol.Segundo Flávio Faustini, diretor da empresa, líder brasileira no fornecimento destes insumos, todos os calçados que têm o calcanhar armado e praticamente todos que são fechados sobre o peito do pé usam contrafortes e couraça. “É impossível responder com precisão qual o percentual destes sobre o total, mas, com certeza, a proporção supera os 50%”, disse ele a AmbienteBrasil.

”Atualmente, todos estes componentes são petroquímicos. Talvez existam alguns raros casos, ainda, de contrafortes e couraças feitos de papelão ou aparas de couro, mas não têm resistência e estão desaparecendo rapidamente”, completa.

O ganho ambiental mostra-se significativo: 2007 se encerra com um consumo mundial da ordem de 16,3 bilhões de pares de calçados - mais de 700 milhões deles produzidos no Brasil.

A Formax, que já faz negócios com outros países, aposta na ampliação de seu mercado externo. “O uso de componentes de fonte renovável favorece a exportação do próprio calçado brasileiro”, acredita Faustini.

As expectativas quanto à receptividade da indústria nacional também são as melhores, sobretudo porque – garante a empresa - o Thermogreen vai agregar valor às marcas e ajudar a desvincular o calçado dos custos crescentes dos derivados de petróleo, mantendo as propriedades e eficácia da formulação tradicional.

Na prática, estes componentes, agora gerados a partir de fontes vegetais, chegam ao mercado com preço similar ao dos petroquímicos.

“Todo empresário sabe da importância de desenvolver produtos que reduzam a agressão ao meio ambiente. Esta é uma questão de sobrevivência planetária e uma exigência cada vez mais forte por parte dos consumidores”, pondera Faustini.

Outra característica ambiental importante do Thermogreen é que pode ser integralmente reciclado.

A Formax é pioneira na reciclagem da matéria-prima usada em couraças e contrafortes, mesmo quando de origem petroquímica. Desde a década de 90, recolhe as sobras do produto, que chega às indústrias do calçado na forma de lâminas. São recuperadas todas as aparas resultantes do corte e até o que resta das operações de desbaste - tudo reaproveitado como novo composto de matéria-prima.

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